Entre o Montijo e Alcochete, não muito longe das margens do Tejo, o silêncio
magnífico envolve o Palácio de Rio Frio e os campos dourados ao fim da tarde. Já
lá vão os tempos em que este palácio era a casa abastada de uma das maiores
herdades do país. Em 1892, ainda antes de o palácio existir, Rio Frio era uma
propriedade de 17 mil hectares, onde o veterinário José Maria dos Santos mandou
plantar uma gigantesca vinha, o que significa qualquer coisa como dez milhões de
cepas, constituindo, para a época, uma exploração vinícola sem rival no mundo.
Nas gerações seguintes, a herdade continuava a ser uma das maiores do pais e
foi deixada em herança a um sobrinho de José Maria dos Santos, Alfredo Santos
Jorge, que mandou construir o Palácio de Rio Frio no princípio do século. Não se
sabe quem foi o arquitecto desta casa por terem desaparecido num incêndio todos
os arquivos que o identificariam, mas os azulejos que decoram o exterior e o
interior da casa foram encomendados a Jorge Colaço. Maria de Lourdes Pereira
Lupi d'Orey, actual proprietária do Palácio de Rio Frio e sobrinha -neta de
Alfredo Santos Jorge, ainda se lembra da magia da vida na herdade, quando para
aqui veio viver, em criança, com os pais. Era uma época em que o tempo passava
devagar, ao ritmo das estações e das épocas agrícolas. Produziam-se na herdade
todos os produtos básicos e necessários à vida diária da família: pão, manteiga,
farinha, ovos, leite, arroz, legumes, carne de gado, etc. Eram uma família
grande, profundamente ligada ao campo e à lavoura, e, dos vários irmãos de Maria
de Lourdes, foi José Samuel Lupi que se destacou como figura tauromáquica de
relevo no seu tempo.
Apesar da proximidade de Lisboa, uma estadia no Palácio
de Rio Frio tem todos os ingredientes para um delicioso mergulho na natureza e
permite usufruir de todos os prazeres do campo, num ambiente simpático e
acolhedor.
RNET n.º 4510 - Turismo de Habitação