Na saída de Ponte de Lima para Ponte da Barca, deparamos com a Casa de Crasto,
cuja característica dominante é uma interessante torre. Situada na freguesia de
Ribeira, foi pertença, no século XVII, de Francisco de Mello Pereira, cavaleiro
de Hábito de Cristo e filho de Lapa de Mello Pereira Maltês, comendador de
Sregin e Santáo, que serviu o rei D. João IV.
A história do primeiro senhor
da casa é curiosa e bem poderia servir de inspiração para um enredo de
tragicomédia. Francisco de Mello Pereira casou com D. Genebra de Jãcome
Calheiros, filha do senhor da Casa de Calheiros, que acusou o marido de
impotência, negando-se assim a viver em sua companhia. Sendo a questão judicial
julgada a favor do marido, dirigiu-se este a Calheiros, acompanhado dos seus
irmãos e criados para trazer a sua mulher à força. Aparecendo na casa, foi logo
morto com um tiro. A cunhada, D. Maria Fagerdas, vendo isto, começou a gritar da
janela, chamando pelos criados. Estes acudiram em tão grande número que os
Mellos bateram em retirada, mas não sem que, na refrega, ficassem mortos não
apenas o marido de D. Genebra, como o seu irmão Frei José dos Anjos, Garcia de
Mello Pereira e um criado. D. Genebra e a mãe recolheram-se num convento de
Viana e ás criados refugiaram-se na Galiza.
Passadas décadas, outro dos seus
proprietários, Francisco José Barbosa Perre, danificou a casa à procura dum
presumível tesouro. Para as obras de restauro que se limitaram à substituição da
capela pela torre, Francisco Perre teria encarregado o arquitecto Alípio Pereira
Maia. Hoje, a casa pertence a Gracinda da Conceição Pimenta Lopes, que acolhe os
hóspedes em instalações recuperadas e funcionais.
RNET n.º 1266 - Turismo de Habitação